investimento de impacto

O que é investimento de impacto?

Um modelo de negócio que vai além dos investimentos convencionais e, mais que lucros, busca reduzir a desigualdade social e a degradação ambiental. Esses são alguns dos objetivos dos “investimentos de impacto”, cada vez mais presentes em debates em prol de novos negócios e desenvolvimento humano e do planeta. Você já conhecia?

Segundo a Global Impact Investing Network (GIIN), os ativos dos investimentos de impacto alcançaram mundialmente US$502 bilhões em 2018, enquanto em 2015 o setor representava US$77 bilhões – um crescimento de cerca de 550%. 

Visto como uma possibilidade de “resultado duplo”, os investimentos de impacto “buscam resolver algum problema importante da sociedade como, a erradicação de pobreza ou a redução do uso de recursos naturais, ao mesmo tempo, em que almejam retornos financeiros próximos a retornos de mercado para seus investidores”, explica Martin Mitteldorf, sócio da MOV, gestora brasileira de investimentos de impacto.

Onde o modelo vem sendo aplicado?

Apesar de ser um assunto em evidência, a categoria não é tão nova assim. Sua concepção surgiu como uma derivativa do “investimento sustentável” em meados de 2007. Atualmente vem sendo muito conhecida e utilizada tanto em negócios que estão passando por uma transformação cultural, como no círculo de operações das startups que recebem aporte de fundos de investimentos.

“Os modelos de negócios variam bastante de empresa para empresa, mas de uma forma geral, eles têm a geração do impacto intrinsecamente ligado aos seus objetivos de negócios. Como todo negócio bem-sucedido, buscam escala para potencializar o impacto e contribuir efetivamente para a solução do problema que se propõe a resolver”, afirma Martin Mitteldorf.

Corporações que querem promover mudanças concretas e mensuráveis com o dinheiro que investem e desejam quebrar paradigmas, criar soluções ou modelos de negócios novos, podem apostar nos investimentos de impacto. “Geralmente essas empresas têm uma visão mais holística das demandas e dos impactos de suas atividades nos seus diferentes stakeholders. Logo, tendem a ser mais resilientes e sustentáveis no longo prazo”, completa Mitteldorf.

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Fundos de impacto e Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)

Como os fundos de impacto socio-ambiental estão relacionados aos impactos positivos que um negócio pode gerar, seja na sociedade ou no meio ambiente, a categoria cresce e se desenvolve em conjunto com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e as metas definidas até 2030. 

“Os ODSs são bastante atuais e abrangentes, vemos no mercado, negócios de impacto que buscam contribuir com um ou mais destes objetivos. Fundos de impacto podem ter uma estratégia focada em 1 ou 2 ODSs específicos, ou podem ser mais diversificados, buscando contribuir com alguns simultaneamente”, comenta o sócio da MOV.

No setor de energia renovável, a Meta 7.1: “assegurar o acesso universal, confiável, moderno e a preços acessíveis a serviços de energia” e a Meta 7.2: “aumentar substancialmente a participação de energias renováveis na matriz energética global“, estão sendo desenvolvidas em alta escala à medida que o setor se expande mundialmente.

Um exemplo é a própria Órigo Energia, que captou os primeiros recursos da MOV em 2011. O investimento colaborou para o atingimento vários objetivos. Entre eles estão: geração de empregos, equilíbrio climático, diminuição do uso do solo, da água e de combustíveis fósseis na geração de energia e o desenvolvimento de uma Matriz Energética composta predominantemente por energia renovável e limpa no país.

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Como está o setor de investimentos de impacto no Brasil?

Os investimentos de impacto podem ser feitos tanto em mercados emergentes, como em desenvolvidos. No Brasil, a categoria vem crescendo. Em 2017, os ativos totalizaram US $343 milhões, contra US $177 milhões em 2014, segundo o estudo mais recente da Aspen Network of Development Entrepreneurs (ANDE). 

Diante das condições geográficas do país, com relação às mudanças climáticas e o desmatamento na Amazônia, a busca tem se tornado mais recorrente.

Para Mitteldorf, além do setor de energia renovável, há alguns mercados expressivos no território nacional.

“Nesta vertente ambiental vemos também bastantes negócios focados no aumento da produtividade da agricultura e pecuária, sempre evitando desmatamento adicional e regenerando terras degradadas. Já na vertente social, vemos muitos negócios focados na melhoria da educação básica, melhor acesso às soluções de saúde, inclusão financeira e geração de renda”, pontua ele.

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Tendências para o futuro

Nos últimos meses, muito se tem escutado sobre a ESG (sigla em inglês para Ambiental, Social e Governança) e sobre como as empresas estão buscando adequar-se aos seus critérios. Grande parte desse movimento, de certa forma, foi acelerado pela pandemia de coronavírus, onde preocupações mais sustentáveis se alastraram não somente entre as companhias, como no comportamento dos consumidores. Ambos despertaram uma tendência em consumir, trabalhar e investir em empresas mais conscientes.

No Brasil, fundos ESG captaram R$ 2,5 bilhões em 2020, segundo um estudo feito pela Morningstar, provedora independente de dados e análise de investimentos, em parceria com o Capital Reset. Estamos presenciando um momento em que empresas e investidores estão mais criteriosos e exigentes em relação às performances socioambientais. 

Segundo Mitteldorf, essa visão do mercado de capitais sobre a sustentabilidade tende a se tornar mais presente nos próximos anos. “As empresas estarão cada vez mais atentas aos impactos, positivos e negativos, gerados por suas operações. Elas serão, certamente, mais cobradas também por seus clientes, colaboradores e órgãos reguladores, por operarem de forma mais equilibrada e menos nociva ao ambiente e à sociedade de uma forma geral”, conclui.

Diante disso, um propósito mais humano e consciente, atrelado a resultados financeiros, como é o caso dos investimentos de impacto, promete crescer. Favorecendo em como a sociedade, as instituições e organizações agem em relação às problemáticas ambientais e o desenvolvimento social de todos aqueles que habitam o ecossistema. Será que o seu negócio está pronto?

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