Você já ouviu falar em desenvolvimento sustentável? Confira o artigo e saiba quais são os…
12 de agosto de 2021
A relação entre as finanças e a sustentabilidade está cada vez mais presente em nosso cotidiano. Mais do que pensar em lucros, hoje, os sistemas financeiros e as instituições possuem um papel fundamental no desenvolvimento sustentável.
Os desafios globais estão levando o setor público e o setor privado a trabalharem juntos para lidar com questões crescentes, como as mudanças climáticas. Por isso, o conceito de finanças sustentáveis está implementando estratégias corporativas e novos formatos de investimentos estão surgindo como alternativas mais conscientes no capital.
As finanças sustentáveis podem ser definidas como a prática e a integração de fatores ambientais, sociais e de governança (ASG) no planejamento financeiro tradicional e nas decisões de investimento. Uma organização financeiramente sustentável desenvolve o seu trabalho para atender às necessidades a longo prazo, de maneira sustentável e com objetivos estratégicos de impactos relevantes.
Os títulos verdes são uma categoria de finanças sustentáveis. Também conhecidos como “Green Bonds” são títulos de dívidas para estimular investimentos em projetos com responsabilidade ambiental e em seus impactos sociais.
São uma ferramenta de fomento à economia verde. Quando a captação de recursos é focada em empresas que buscam mitigar os impactos climáticos, como o aquecimento global, também há a categoria de “Climate Bonds”.
Segundo Natália Braga Renteria, Gerente de Clima no Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), as vantagens das finanças sustentáveis são abrangentes, podem contemplar diversos setores e criar as condições essenciais para uma trajetória próspera, rentável e mais consciente.
“Os benefícios da implementação de fatores ASG e olhar das finanças sustentáveis abarcam todos os stakeholders: a empresa, sua cadeia de valor e investidores, e tratam não só de benefícios a longo prazo restritos ao Brasil, mas também a curto prazo, quando olhamos para os ganhos reputacionais e competitivos. Emitir títulos de dívidas sustentáveis fará que a empresa emissora integre o ASG em sua gestão e estratégia, dando maiores incentivos à inovação, adaptabilidade, mitigação de riscos e diminuição da exposição a setores carbono-intensivos como do petróleo e gás”, afirma a especialista.
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A tendência é que nos próximos anos essa mentalidade e essa prática se tornem mais presentes nas empresas, governos, setor financeiro e até mesmo nas finanças pessoais. “Já existem diversas empresas engajadas em aliar o capital à preservação da natureza. Muitas já encontraram uma forma de produzir e gerar capital sem comprometer o meio ambiente. Temos visto que os indicadores ASG vêm ganhando espaço no setor empresarial. Estima-se que, no mundo, haja US$30 trilhões investidos em ativos relacionados a ASG e, segundo especialistas, em 2025, esse número pode ultrapassar o valor dos fundos convencionais na Europa”, acrescenta Natália.
No Brasil, o setor se mantém vertiginoso e com boas oportunidades para o futuro. Segundo a Sitawi Finanças do Bem, as emissões de títulos de dívida ligados a princípios sustentáveis estão estimadas em mais de USD 5,3 bilhões - um crescimento de 140% em um ano. Além disso, os juros e as taxas estão caindo, potencializando ainda mais a busca pelos fundos de captação.
Natália Braga revela que a CEBDS tem acompanhado ações cooperativas que comprovam essas projeções. “A Suzano, por exemplo, captou mais US$ 500 milhões - desta vez, não só com os menores juros da sua história, mas com a menor taxa para uma empresa brasileira numa emissão internacional de 10 anos. Bancos como o Itaú, Santander e Bradesco, se uniram para promover um modelo econômico sustentável para a Amazônia”.
Metas como a Agenda 2030, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e o compromisso de alcançar as emissões líquidas zero até 2050, são incentivos para que o setor continue em expansão gradualmente. Além disso, o atual cenário de pandemia mundial também configura mais oportunidades de investimentos sustentáveis.
“No Brasil, especificamente, a nova economia, representada por uma série de soluções climáticas de impacto positivo, geraria 2 milhões de empregos até 2030 e um produto interno bruto (PIB) adicional de R$ 2,8 trilhões. O país tem capacidade de liderar nesse campo, devido a seus ricos ativos naturais e capacidade de promover Soluções baseadas na Natureza (SbN)”, expõe ela.
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A expansão do setor também é uma oportunidade de mudança de mentalidade para gestores de capital, que podem alocar recursos em projetos que contribuam para o avanço da sociedade. Quebrando barreiras como concentração de renda, desigualdade social e degradação ambiental.
“É importante que as decisões estejam baseadas no que chamamos risco-retorno-impacto, com base em um capitalismo de stakeholder, transformando os modelos de negócios para terem maior resiliência e inclusão social”, reforça.
As finanças sustentáveis também agem diretamente como critérios de inovação, sendo catalisadoras de novos negócios. Elas incentivam iniciativas para o gerenciamento de riscos climáticos e apoiando metodologias de preservação, como sistemas de comércio de créditos de carbono.
Além disso, fomentam novas arquiteturas empresariais, ampliação das análises para a tomada de decisão em oportunidades associadas à sustentabilidade, à rentabilidade e aos aspectos sociais.
Outro ponto relevante é que as finanças sustentáveis podem colaborar na transição energética do Brasil. Segundo Sean Kidney, Chefe Executivo da Climate Bonds Initiative, a projeção de investimentos em “Green Bonds” é de US$1 trilhão até 2022 e os fundos são essenciais para a aceleração da transição energética mundial.
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Para Natália Braga, quanto mais se adiar essa transição, mais os riscos e impactos econômicos podem crescer, visto que nossa economia é uma das mais dependentes da natureza. Por isso, investimentos que prezam pela aceleração das tecnologias renováveis e eficiência energética são importantes.
“A Energia solar e eólica são as fontes energéticas mais baratas para instalar em ⅔ do mundo, sendo que o custo de operação dos novos projetos é menor que os das plantas fósseis. Além disso, o custo das baterias necessárias para estocar a energia renovável gerada caiu pela metade, entre 2018 e 2020”, conclui.
Aliadas à aceleração do uso de energias renováveis e às novas tecnologias, as finanças sustentáveis podem contribuir amplamente para um futuro promissor. Por isso, é importante que cada vez mais empresas e instituições assumam esses compromissos. A Órigo é uma delas.